quinta-feira, 25 de junho de 2009

Vingança

"Não existe nobreza sem generosidade,

assim como não existe sede de vingança sem vulgaridade"

Joseph Roth


(Figura: Nêmesis, a deusa da vingança)



A vingança se abateu sobre mim e estou a refletir sobre ela, que tanto me afeta. O ‘ela’ ai refere-se à vingança, mas também serve para a autora do gesto, que pelo menos uma coisa me mostrou: não gosto de pessoas vingativas. Com seu ato ela conseguiu extinguir a última possibilidade de um ‘vir a ser’ entre nós. Não se trata aqui de tentar valorar tal ação a partir de considerações morais ou éticas, pelo contrário, trata-se de simplesmente ver a questão a partir das sensações produzidas em mim. Pergunto-me, por quê? E todas as respostas convergem para a idéia de que no fim das contas o objetivo não era compensatório, e sim lesivo (‘o que eu não ganho, eu leso’ a cara dela). Primeiro porque ela passou por cima de seus valores feministas declarados em nome do ato, segundo porque a pessoa que ela usou em sua cena já tinha sido dita por ela como repugnante para tal gesto e terceiro porque o ato foi realizado em um lugar público e durante uma festa. Acho que ela pretendia saborear o momento de me contar, só assim a vingança seria completa já que teria seu grand finale no ponto em que surgiu: quando eu fui demasiado sincero e revelei o que deveria ser eterno silêncio. Felizmente alguém estragou seu prazer antes, mas pra mim tanto faz. O importante neste caso foi realmente a intenção, tanto desta ação concretizada quanto da que ela me declarou logo depois que terminamos “só sinto por que agora não poderei ficar com alguém do mesmo modo que você ficou, eu esperava tanto por isso”. Agora, sei... Se quiser que eu parta, que eu tome repulsa... Se vingue! Obrigado por me ensinar mais uma coisa sobre mim.