domingo, 21 de março de 2010

Coisas de 2005

Um amigo que é compositor me pediu encarecidamente uma letra para musicar... disse-lhe que infelizmente não a minha produção poética nos últimos tempos não vai nada bem... Ai ele disse "vc tem que ter um arquivo morto por ai". E não é que coisas boas encontrei... Descobri que o ano de 2005 foi muito, muito produtivo em poemas e versos... Então agora vou postar uma série de poemas dessa época... É isso...

Belos versos

Se na algibeira trago versos... Do estômago gritam ecos.

Fossem os meus desbotados como os que – de boca em boca – por aí pulam,

Seria o rei quem traria na barriga; na cabeça idéias desvarridas

E nos outros um alvo em minha mira.

Prefiro verbos brancos em meu bolso.

Se à boca não me trazem bons gostos

A minh’alma não dão desgosto.

Que fiquem eles com as calças abarrotadas de prata,

Não quero ter com Deus à sombra da desgraça.

Logo eu que pintei o universo com canções de ninar!

Não, não farei da letra lama para o puro deturpar.

Dos poucos a renegar a taça farta do “medíocre-popular”

Restam alguns como eu, cheios de ecos e bons versos para dar.

Ítalo Mazoni

10/07/2005



Meu Yin quer seu Yang (e vice-versa)

Já não movo montanhas com tanta força

As pedras machucam e nunca acabam

Hoje me restam paciência e tom de moça

Delicadeza sutil própria dos que amam


Que dirão os rudes de minha leveza?

Não sabem eles que é mulher a natureza!

Onde andam os homens desse mundo?

Tragam já aos céus o feminino oculto.


Mas calma senhora, não é toda sua a noite.

Se diante de ti vêm abaixo montanhas,

Às damas que não encanta atiça o acoite.

Se no jardim há tantas rosas ciumentas

Que dirão as belas de minha camaradagem?

Não são irmãs: amásias, esposas e donzelas?

Porque decapitar reis e morrer por fúteis mazelas

Ora, sejam espertas, bebam deles a irmandade.


Ítalo Mazoni

20/06/05



E uma down pra terminar por hj...


O medo que tem a imagem no espelho


Vai infeliz, mente outra vez para o espelho!

Quem és tu se não a mesma alma sobre uma armadura (ou trapo) diferente?

Já não suporto mais este teu choro contido

Se for pra chorar, que chore até a última gota de sangue de uma vez!

Não vê que está comendo tempero como comida

Finge dia e noite que o sal não lhe faz mal...

Acredite, o que dá gosto a vida não pode ser prato principal

Esse néctar é complemento, é a pimenta...

Mas continue assim, vai, continue...

E em breve apanharei seu corpo sem alma

Torto, como garrafa sem ar ou conteúdo que lhe dê forma

Olho para você todos os dias e não vejo reação

Seus queridos estão partindo...

Onde estão seus amigos, deles você só tem a saudade

E quem tem isso é você, terão eles ao menos isso por ti?

Tudo bem... Não queres nada com o a Terra? Vai para o inferno então

E vá logo, usa esta faca podre de cozinha para terminar com isso!

É o que você merece por esquecer quem você é

Eu sou sua imagem no espelho, não posso viver por ti

Quando encontrar o diabo manda lembranças minhas a ele

Para mim não faz diferença, não tenho alma, não queimo no inferno ou gozo do céu

Sou tua imagem, apenas envelheço com você, se assim for, e deixo de existir

Mas a alma, meu caro, essa é sua... Quem sabe é você...

Não quer acordar então afogue-se em seu cuspe de nojo

Continue por este caminho e terá o que desejas agora

Um fim em si mesmo!

Ítalo Mazoni

03/06/2005



sexta-feira, 19 de março de 2010

Cotidiano...

Não tenho espaço para mim. Estou afogado de tarefas e atividades. É um problema ter todos os documentos, apostilas e papeis utilizados durante a semana espalhados no chão em frente ao meu armário. Hoje é sexta-feira e não fui para aula. Como uma amiga minha costuma fazer fiquei na cama tentando me esconder do mundo. Pena que no meu caso uma grande parte do mundo já mora no meu quarto. Ontem entrei mais uma vez no modo "eu sou otário" e literalmente me deixei ser enganado. "5060?" "Não, 5090" e eu paguei. Depois para compensar a perda sai gastando mais ainda apenas para preencher o vazio... Realmente não foi um bom dia. Tem tanta coisa para eu fazer que eu não estou mais nem com vontade de começar... E cada vez que abro o e-mail tem uma nova tarefa... Minha meta este semestre era reduzir a quantidade de atividades para poder me dedicar à escrita do artigo final referente há quase dois anos de pesquisa... Quem disse! Estamos na terceira semana de aulas e das disciplinas eu só sei os dias, nada mais. Apenas trabalho, trabalho e mais trabalho. De fato isso não pode continuar assim. Ter um pouco mais de grana está me saindo muito caro. A relação preço e valor de uso começa a se inverte. O telefone toca "Ítalo e ai, você quer continuar no semestre que vem?". Eu gaguejo e digo que sim. Mais trabalho, mais tarefas, mais obrigações... Já está mesmo saindo mais caro do que eu imaginei... Ontem tive uma boa notícia. Saiu a lista de projetos habilitados para avaliação no edital de criação literária do Fundo de Cultura da Bahia. O meu foi habilitado e agora será avaliado junto com mais 12 propostas. Foram 18 inscritos. 6 rodaram e 12 concorrem à 8 "bolsas" para criar um livro. Ou seja, tenho mais chance do que eu imaginava. Agora é só esperar o dia 1º de maio quando o resultado final sai. Ai eu me pergunto "como vai ser pra escrever este livro quando eu ganhar o recurso?". Bem, meu blog é público e infelizmente este assunto se encerra aqui... (eu já andei olhando a vida dos outros concorrentes na net, certamente farão o mesmo, então é melhor não deixar fiapos que possam influenciar em qualquer decisão dos julgadores... Mas voltando à vida... realmente não estou bem por hoje, já são 4 anos... cansei!